quinta-feira, 31 de maio de 2012

IMPERATRIZ

Desde o dia 07 de julho de 2006 passei a trabalhar uma ou duas vezes por mês na cidade de Imperatriz. Logo completarei 6 anos de convivência com os seus cidadãos e cidadãs que me dão a oportunidade de compartilhar as suas alegrias, os seus desafios e a sua disposição de viver. Admiro muito o povo imperatrizense por ser trabalhador, empreendedor e independente, apesar de todas as dificuldades de se encontrar num estado dominado há quase 50 anos pelo mesmo grupo político.

Nesse período, tive a oportunidade de conhecer pessoas de grande valor, dentre elas o prefeito Sebastião Madeira que, além de ter sido um grande médico urologista da cidade, deputado federal por várias legislaturas,  sempre foi um aliado de primeira hora do ex-governador Jackson Lago e, façamos justiça, está sendo um grande prefeito de Imperatriz.

Vivi momentos muito significativos ao lado desses dois grandes homens públicos nas campanhas eleitorais de 2006 e 2010, especialmente nesta última, quando o prefeito Sebastião Madeira foi um agente protagonista fundamental para que a candidatura Jackson Lago se concretizasse. Sou testemunha da grande amizade, afeto, confiança e gratidão que um sempre teve pelo outro.

Muitos sabem que, recentemente, exerci uma função partidária de reorganizar o PDT sob o legado de Jackson Lago e seus ideais. Infelizmente, não pudemos continuar à frente de nosso partido maranhense pelo fato de estar numa fase muito ruim a nível nacional. Os dois principais dirigentes nacionais tomam, cada vez mais, as decisões mais esdrúxulas e antidemocráticas. Não tem a nossa natureza, a do Jackson, a do Neiva Moreira, a do Jango, a do Brizola, a do Darcy e tantos outros. Apelam para a lógica do domínio cartorial e da obediência servil. Entretanto, estamos na luta por um Partido melhor, por um Maranhão mais justo e por uma Imperatriz cada vez mais realizada e decidida a avançar mais sob a liderança de suas pessoas mais lúcidas e coerentes.

Portanto, sinto-me na obrigação cívica de manifestar a minha posição política e eleitoral na cidade que me acolhe há quase 6 anos: Não posso estar no mesmo palanque daqueles que apunhalaram o ex-governador Jackson Lago pelas costas em 2010, nem no palanque daqueles que traem o seu legado a cada triste ação partidária e, igualmente, no palanque daqueles que sempre foram os nossos adversários. Estou, como a maioria do PDT de Imperatriz, solidário ao prefeito Sebastião Madeira rumo a sua reeleição que se constituirá numa grande vitória das forças democráticas e progressistas da cidade e de nosso estado.

Tenho a certeza de que a brava gente tocantina não se deixará enganar pelos falsos argumentos dos oportunistas de plantão.

Saudações Trabalhistas!

MARANHÃO

Em 2012, infelizmente, estamos completando 48 anos de domínio político de um grupo em nosso estado, algo extremamente prejudicial à Democracia e ao próprio Estado de Direito. Esse domínio iniciou-se com a eleição da chapa José Sarney- Antônio Jorge Dino, apoiada pela Ditadura Militar, que obteve 51,70% dos votos em 03/10/1965.

A Ditadura Militar aboliu a eleição direta para governador e, a partir de 1970, os governadores passaram a serem “eleitos” indiretamente pelas Assembléias Legislativas, após as negociações entre as lideranças civis estaduais servis aos generais de plantão.

No Maranhão, esse papel foi desempenhado pelo Sr. José Sarney. De sua cartola, foram “eleitos” os Srs. Pedro Neiva de Santana/Colares Moreira (1971/1975);  Nunes Freire/José Dualib Murad(1975/1979); João Castelo/Artur Teixeira de Carvalho(1979/1982). Em 12 anos, foram três governadores escolhidos pelo Sarney e os generais militares!

Em 1982, nas primeiras eleições após a Anistia, foi eleito Luiz Rocha; em 1986, num acordão entre o então presidente da República José Sarney e o PMDB nacional, Epitácio Cafeteira; em 1990, Edson Lobão; em 1994, Roseana Sarney (cabe lembrar a suspeita de fraude eleitoral!); em 1998, reeleição de Roseana Sarney; em 2002, Zé Reinaldo Tavares (cabe lembrar o casuísmo dessa eleição pela não realização de segundo turno!).

Portanto, entre 1966 e 2006, o nosso estado foi governado por 9 governadores em 10 mandatos oriundos do mesmo grupo político ou, no caso do Cafeteira, em acordo com este. Foram 40 anos de onipresença no Palácio dos Leões de um grupo político que não aceita ser chamado pelo termo “oligarquia”.
 
Em 2006, pela primeira vez, um candidato não oriundo do sarneysismo elegeu-se governador do Maranhão. Infelizmente, o seu mandato foi cassado pelo TSE, num processo marcado por um viés político indecoroso que, segundo o ex-ministro Rezek, constituiu-se num verdadeiro “golpe jurídico”.  O interregno durou 2 anos, 3 meses e 17 dias! A filha do Oligarca foi empossada às pressas, sem esperar a publicação do Acordão, conforme determinara o “egrégio” tribunal.

Em 2010, Jackson Lago candidata-se com o intuito de retomar o seu mandato tomado na Corte brasiliense. Desejava a candidatura única, o plebiscito,  a integração de todos na mesma causa já no primeiro turno. No pior dos resultados, teríamos a chance de eleger um senador.

Infelizmente, as outras oposições lideradas pelo Sr. Zé Reinaldo e seu afilhado político, Flávio Dino, optaram por um caminho diferente, o da disputa e segmentação das oposições num momento adverso. Houveram duas candidaturas de densidade eleitoral ao governo e quatro ao senado. Pior, a partir de determinado momento da campanha eleitoral, investiram contra a candidatura Jackson Lago, mesmo nos últimos dois dias após a decisão final do TSE! O resultado todos sabemos: Perdemos a chance de ir ao segundo turno! Assim,    assistimos a uma das eleições mais casuísticas após a redemocratização do país.

O TSE determinara a aplicabilidade imediata do projeto de lei Ficha Limpa, desrespeitando o artigo 16 da Constituição Federal que diz: “A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência”. Em alguns estados, muitos candidatos foram prejudicados, de forma irreparável,  a exemplo do nosso. A demorada decisão do STF de não fazer valer essa decisão do TSE para as eleições de 2010, só ocorreu no primeiro trimestre de 2011.

Jackson Lago tinha muita vontade de se recuperar e voltar à sede do Partido para continuar a sua luta em prol do desenvolvimento, da justiça e da dignidade de nosso povo. Isto está registrado em sua última entrevista.

Infelizmente, não está mais entre nós. Quando o substituí na presidência do PDT maranhense, a convite da maioria dos membros da Comissão deixada por ele, procurei exercê-la com os seus valores e ideais aprendidos durante toda a nossa convivência. Reorganizamos o partido democraticamente, de forma coletiva, em quase todos os municípios do estado. Mérito nosso? Não. Isto tudo é o seu legado, o seu nome e o que ele representa para a nossa gente!

Todos de nosso Partido sabem que sempre transmiti e estimulei a necessidade de procurarmos estar juntos aos outros partidos de oposição nas próximas eleições, sempre quando possível. Mas, tudo isto numa construção aberta e democrática, sem imposições de um partido a outro.

Cada município tem sua realidade, seus protagonistas. Não é fácil arrumar tudo e todos num só projeto estadual quando este ainda acontecerá daqui a dois anos, quando não temos um planejamento de concertar todas as oposições em torno de um programa de governo, ou seja, de compromissos.

Nas eleições municipais, discutem-se os problemas locais, as suas soluções, enfim, as cidades.  E devemos apoiar aquelas propostas que mais contribuem para o nosso desenvolvimento municipal. Apoiar gente de compromisso, de história, de espinha dorsal para, depois de eleito, resistir às investidas do adversário tradicional.

Tudo baseado na lealdade pela nossa causa maior e extrapartidária, a causa de nosso povo que só quer vida digna com direito a saúde, educação, trabalho, terra, moradia, saneamento básico, asfalto, ...

Também, sempre disse que discordava da tese de “amarrar” as eleições de 2012 às de 2014.

Que me desculpem os principais protagonistas senhores, professores, reitores, arquitetos ou autodenominados catedráticos políticos das oposições. É que não vejo sensatez. Ao contrário, vejo-a como um indício muito ruim, o de querer tentar impor uma hegemonia sem discussão, sem acordos programáticos, sem compromissos verdadeiros em torno de nomes, ou melhor, de um só nome. Lembremos o Nelson Rodrigues: “toda unanimidade é burra!”

Enfrentei isto no nosso partido, a influência e intromissão externa para a concretização dessa imposição. Os golpistas e ilegítimos dirigentes do atual PDT escondem os seus tristes atos nesta tese, neste escudo para 2014. E mudam arbitrariamente o ambiente que construímos no partido, a seu bel prazer, “em nome da causa de 2014”. Causa pessoal?

Seria muito ruim para as oposições navegar nas águas do fascismo, nas quais não se toleram as diferenças e os argumentos contrários vistos como heresia. Não podemos tentar superar ou negar o sarneysismo dinástico e substituí-lo por um pós-sarneysismo indescritível.

Acredito numa verdadeira união das oposições em 2014 baseada em programa e compromissos, no respeito e na lealdade interpartidárias, em busca de um objetivo comum, ou seja, do interesse público. Sem trapaças, maquinações ou coisas da política minúscula.

A esta unidade, todo democrata é devedor.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Fio da História

Quando atendi ao convite para ajudar os companheiros de meu pai, Jackson Lago, após o seu falecimento, a reorganizar o PDT maranhense, sabia dos desafios a serem enfrentados e que já se colocavam naquela ocasião.

A cassação de seu mandato de governador pelo TSE, com a alegação de abuso de poder político, ficará para a história dos absurdos cometidos em nosso país a favor dos poderosos de plantão. Não só os daqui de nosso estado, mas, também, os de Brasília. Foi um daqueles momentos de nossa história no qual um poder se submete às vicissitudes de outro, sem a menor dissimulação, cuidado ou pudor.

Alguns, de setores das próprias oposições, não entenderam sua posição, sua disposição, sua missão. Inclusive, integraram-se ao coro da mídia oligárquica ou à indiferença. Preferiram o caminho da dissensão.

Custou-lhe muito tempo, conversa e paciência para consolidar a sua natural candidatura em 2010. Traições, abandonos, calúnias foram acontecimentos corriqueiros desde sua cassação.
Dentre os que compreenderam aquele momento histórico, não posso deixar de citar o ex-ministro do STJ, o Sr. Edson Vidigal que, ao lado de Jackson Lago, candidatou-se a senador da República.

Na campanha eleitoral de 2010, Jackson Lago e seus fiéis aliados enfrentaram não somente o poder econômico, político, social e cultural da Oligarquia. Tiveram que enfrentar uma situação inusitada, a insegurança jurídica de sua candidatura imposta pelo mesmo TSE, que lhe cassara o mandato no ano anterior, e que havia decidido sobre a aplicação do projeto de Lei Ficha Limpa, num total desrespeito à Constituição, nossa lei maior, que os nossos juízes deveriam ser os primeiros a respeitar e defender.

Apesar do TRE maranhense haver deferido a sua candidatura, a Procuradoria Eleitoral do Maranhão pediu sua impugnação ao TSE que, numa manobra típica de elites jurídicas tupiniquins, engavetaram o seu processo durante toda a campanha eleitoral. Julgaram-no na última noite de campanha pela televisão e pelo rádio. O estrago estava feito de forma irreparável! Jackson Lago foi colocado como “ficha suja” por seus adversários durante toda a campanha.

O resultado todos sabemos: Não houve nem segundo turno! Na noite da apuração, revelou sua frustração diante de um resultado tão distante de suas esperanças de poder reunir todas as oposições no segundo turno, e derrotar, definitivamente, as forças do atraso que tanto humilham e aprisionam os destinos de nosso povo: “Foi uma campanha desigual, sem a normalidade democrática e de muita deslealdade”.

A decepção, a tristeza, a infâmia abalaram a sua saúde e aceleraram a sua morte.

Os desafios de que falávamos são os que enfrentamos nesse período que tivemos a honra de reorganizar o seu Partido, em 211 dos 217 municípios de nosso estado, enfrentando a resistência dos donos do PDT nacional (que tem outros planos para o nosso PDT, ligados a projetos pessoais de alguns de nosso e de outros partidos!); a sua política desrespeitosa e desastrada para o nosso Partido, quando sequer respeitam os nossos líderes, militantes históricos e mais representativos; a soberba de seus seguidores locais vazios e escassos de conteúdo para oferecer uma alternativa política real e renovadora; a forma antidemocrática com que decidiu contra a prorrogação de nossa Comissão Estadual (que não excluía ninguém!); o total desprezo pela ideia de Convenção, isto é, de Democracia. Sem citar o período, inédito, de informalidade a que fomos submetidos.

Agora, assistimos ao triste espetáculo protagonizado pelos atuais dirigentes do canetaço. O resultado está aí aos nossos olhos: um partido mal representado a serviço de interesses pessoais, de mandatos, de cargos, de projetos eleitorais pequenos. Uns, inclusive, já foram passados para trás, uma vez que já não atendem mais às demandas do momento, não valem mais nada, foram usados e gastos. Dissolveram uma comissão por outra em São Luis - uma pior que a outra!

Tudo para atender a um projeto nitidamente pessoal, tanto dentro do partido quanto fora, para conseguir mandato e comprometer, assim, a melhor alternativa para o PDT que é a candidatura própria para prefeito de São Luis. Pior, pretendem apoiar uma candidatura sem identidade política maior. O autoritarismo e a falta de representatividade política dos dois senhores que tomam conta dos destinos de nosso partido é categórico e desastroso.

O triste espetáculo é contínuo. Revelam-se a cada dia não terem nenhuma identidade com a história e os princípios que marcaram a vida e a razão de ser desse instrumento de luta social que foi e, a depender da sua imensa maioria, continuará a ser o PDT de Jackson Lago, Neiva Moreira, Leonel Brizola, Darcy Ribeiro e tantos outros.

Mas, para tão urgente e árdua tarefa, é preciso pegar o fio. O fio da História. Aqui, em São Luis, esse fio é representado por todos os companheiros do Comitê de Resistência Democrática Jackson Lago que, no momento, lutam pela candidatura própria do ex-ministro Edson Vidigal a prefeito de São Luis.

O PDT nacional cortará mais esse fio contrariando as suas próprias resoluções?